domingo, 21 de abril de 2013

A Vida Moral com Base no Evangelho de Jesus


Leitura de O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 15, item 10, Fora da Caridade não há Salvação
A Vida Moral com Base no Evangelho de Jesus

O Sermão da Montanha

Entre os assuntos contidos no Evangelho, há que se destacar o Sermão da Montanha. Através deste discurso, Jesus marcou o coração dos homens, transmitindo-lhes a sua Doutrina de libertação.
Quando Jesus pronunciou o Sermão da Montanha, não estava se dirigindo somente àquelas pessoas presentes em Cafarnaum, mas, é claro, dirigia-se a todos os espíritos encarnados ou desencarnados. Os de boa vontade captaram imediatamente a mensagem, no entanto, os seus ensinamentos continuam vivos à disposição dos corações que dele começam a sentir necessidade, isto é, daqueles corações agora receptivos.
Jesus inicia o Sermão da Montanha pelas bem-aventuranças, convidando-nos à humildade, à mansuetude, à prática da justiça, à misericórdia e à pacificação. Oferece-nos o Reino dos Céus se o nosso comportamento estiver pautado dentro desses ensinamentos.
Declara Jesus que os seus discípulos são o sal da Terra e a luz do mundo, ensinando com isso que os seus seguidores preservariam os seus ensinamentos pelos exemplos edificantes e transmitiriam os conhecimentos adquiridos d’Ele com pureza cristalina.
Não veio destruir a lei - diz o Mestre – ou desmentir os profetas, mas tão somente ratificar os ensinamentos, e, mais do que isso, ampliá-los. Assim, ampliou o quinto mandamento, o sexto, condenou a pena de talião, convidou-nos a sermos tolerantes e pacientes, condenou a hipocrisia e a simulação.
Recomendou-nos o exercício da caridade sem ostentação, disse para nos precavermos contra os falsos profetas e enganadores e mostrou-nos a imperiosa necessidade da oração, para que através dela possamos nos religar ao Pai, além de levar socorro aos necessitados.
Mostrou o destino glorioso dos que edificam a vida espiritual sobre rocha firme e em contrapartida, a triste sina dos que edificam suas vidas sobre as ilusões do mundo.
Finalmente, ensinou-nos neste discurso o “Pai Nosso”, para que através dele pudéssemos entrar em contato com o Pai Celestial.

As Parábolas

Os rabis tinham uma forma singular de transmitir conhecimentos, e o faziam através das parábolas, as quais encerram uma narrativa onde a ideia fundamental era exposta várias vezes, fazendo-se comparações.
São encontradas no Evangelho oito parábolas relacionadas com os usos e costumes da época de Jesus, dez com assuntos domésticos e de família e dez com a vida rural.
De todas as parábolas retiramos ensinamentos úteis ao nosso esclarecimento, visando a nossa evolução espiritual.

A Responsabilidade Individual: Semeadura Livre, Colheita Obrigatória

“E assim, tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles. Porque esta é a lei e os profetas” (Mateus, 7-12).
“Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem” (Lucas, 6:31).
O Espiritismo nos traz ensinamentos preciosos de libertação e de responsabilidade.  No Espiritismo nada é proibido, porque a Doutrina nos ensina que o livre arbítrio nos leva a tomar decisões e assumir a responsabilidade das atitudes tomadas. Cada um, evidentemente, terá uma censura ou uma barreira crítica de acordo com o seu entendimento e com a sua evolução. Assim, muitas coisas deixarão de ser feitas e outras não. É claro que sempre assumiremos a responsabilidade de nossos atos.
Nada mais justo. Semeadura livre, colheita obrigatória. Efetivamente, essa é a mensagem do Espiritismo, permitindo-nos toda liberdade para experimentarmos, toda liberdade para agirmos. Não se dirá que o Pai nos negou possibilidades, elas são concedidas e se registram pelas inúmeras encarnações e oportunidades. Nada mais justo do que, ao fazermos experiências, se cometermos falhas, iremos transgredir as leis criadas pelo Pai Celestial. Essas transgressões podem ser espontâneas ou involuntárias.
As de caráter involuntário, próprias da ignorância evolutiva em que nos encontramos, embora acarretem compromissos perante as Leis Divinas, não tem a mesma força de responsabilidade das transgressões que levam o caráter de espontâneas, estas revestidas da nossa emoção, e muitas vezes, cometidas por espíritos que conhecem a Lei. Claro que aqui entra um agravante: a responsabilidade de quem conhece, embora não tenha transformado integralmente a sua estrutura e por isso a sua conduta ainda não reflete os conhecimentos, que no caso são apenas teóricos.
Quem não plantou rosas não poderá colhê-las no futuro. Cada um colhe aquilo que plantou, eis aí a causa dos nossos sofrimentos, das nossas ansiedades e angústias.

Reforma Íntima

A cada minuto de nossa vida, antes de iniciar qualquer ação, façamos este exercício de nos perguntarmos sempre:

Isto que estou fazendo agora seria bem aceito por Deus ou pela minha consciência? Se for, o procedimento é correto; se não for devemos descontinuar imediatamente o que iríamos fazer e não pensar mais nisso. “Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós, mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado? Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado.”  - (SANTO AGOSTINHO in O Livro dos Espíritos , questão 919 a)

A auto-análise permite que alinhemos as nossas ações e pensamentos na direção das correções que necessitamos realizar, para que ajustemos os nossos atos de acordo com os ensinamentos do Mestre, tanto com relação a Deus como em relação ao nosso próximo. Através do esforço próprio e de exercícios repetidos em direção às boas causas, sedimentaremos em nós o próprio Bem. Este processo é árduo, assim necessitaremos de muita coragem, perseverança e determinação para o realizarmos. Deus assiste e auxilia sempre, mas precisamos fazer a nossa parte se desejamos verdadeiramente melhorar.
Invistamos em nosso interior e procuremos melhorar nosso espírito eterno, transformando o que esta sociedade transitória estabeleceu como "normal" para nós. Lutemos o bom combate e não a luta mesquinha dos materialistas. A humanidade continuará ainda por muitos séculos como é agora, mas nós, que já estamos dispostos às mudanças de atitude, que já sentimos o amor ensinado pela Doutrina Espírita, que já estamos conscientes da realização de nossa evolução espiritual, que já começamos a compreender as palavras de nosso grande Mestre (Jesus), podemos fazer a nossa pequena parte vivendo a solidariedade no mais alto grau que é a caridade e realizar a transformação no íntimo de cada um, fazendo a Alquimia moderna de transformar chumbo em ouro.

Vivência da Doutrina Espírita

O Espiritismo é doutrina dinâmica que acompanha a evolução do ser, ou melhor, lhe prepara os caminhos maravilhosos do amanhã,. A vivência da Doutrina Espírita é que deve ser cultivada pelos espíritas, mostrando através do nosso exemplo a excelência desses ensinamentos na prática.
Sendo uma doutrina essencialmente cristã, assim deverá ser o espírita. Deverá colocar nas suas atitudes, em cada instante da sua vida, os ensinamentos cristãos, sem esquecer que “Fora da Caridade não há Salvação”, porém, uma caridade humilde carregada de amor.
“Por muito vos amardes saberão todos que sois meus discípulos”, é sem dúvida o procedimento mais correto para espelhar essa doutrina.
... Caridade prática, caridade para o próximo como para si mesmo. Em uma palavra, caridade para com todos e amor de Deus sobre as coisas, porque o amor de Deus resume todos os deveres, e porque é impossível amar a Deus sem praticar a caridade, da qual Ele fez uma lei para todas as criaturas” (item 18, capítulo 10 de O Evangelho Segundo o Espiritismo).
Espera-se, portanto, que o espírita tenha uma conduta clara e irrepreensível no seu lar, nas ruas, no seu trabalho, enfim no relacionamento com o seu semelhante, servindo e contagiando a todos pela sua alegria de viver.

Bibliografia

O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec.
O Evangelho Segundo Mateus
O Redentor, Edgard Armond
Reforma Íntima sem Martírio, Ermance Dufeaux e Wanderley Oliveira

Exposição que será apresentada amanhã às 20 horas no Centro de Estudos Espíritas Allan Kardec, em Ubatuba, São Francisco do Sul, SC, por Véra Regina Friederichs


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