A mulher do século 21
conquistou seu lugar ao sol, graças a nós, que sobrevivemos ao movimento
radical do feminismo dos anos 60 e 70, quando estávamos no auge da juventude,
aproveitando aqueles momentos de tantas mudanças para pararmos e refletirmos
sobre o que, na realidade, queríamos.
As nossas filhas e netas,
que desfrutam das conquistas das mulheres de hoje, não têm noção do que nós
passamos para desbravar o caminho e para lhes abrir as portas no mercado de
trabalho, na política, na economia, na construção civil, e em todos os setores
de atuação.
Desde mais jovens, temos
papel destacado. Chegamos aos 60 anos, trazendo décadas de experiência de fazer
a nossa vontade, quando as nossas mães só podiam obedecer, e de ocupar lugares
na sociedade que elas nem tinham sonhado ocupar.
Algumas optaram por viver
sozinhas, outras casaram, descasaram e voltaram a se casar, ganharam e perderam
dinheiro, viraram avós, viajaram, fizeram carreiras que sempre tinham sido
exclusivamente para homens, escolheram ter filhos, trabalhar como voluntárias, foram
jornalistas, atletas, juízas, professoras, delegadas, médicas, diplomatas e
donas de casa.
Mas cada uma fez o que quis
: reconheçamos que não foi fácil, e, no entanto, continuam a fazê-lo todos os
dias.
Algumas como eu, se
aposentaram e foram em busca de novas amizades e de “fazer coisas” que sempre
quiseram e não tiveram tempo. Descobriram então, o Centro de Convivência do
Idoso do Sandra Regina, onde cantam, dançam, fazem alongamentos, trabalham com
fios e linhas, pirógrafos, fazem pinturas em tecidos e em madeira, educam a
memória, fazem aulas de informática, trabalham com patchwork etc.
Transformamos tudo o que não
gostávamos e hoje celebramos os 60 anos com independência para amar, apoiar,
respeitar, aceitar e perdoar a nós mesmas e aos outros.
Lembrando da matéria de
Cinema e Teatro, dos meus tempos da faculdade de jornalismo, pretendo reviver
as minhas experiências de roteirista, atriz, produtora e editora e já me
inscrevi para fazer teatro a partir da próxima semana, no Cine Teatro 10 de
Novembro, graças ao patrocínio da Prefeitura, através da Casa da Cultura. Estou
ansiosa por subir novamente ao palco mais uma vez e trabalhar também nos
bastidores.
Há 10 anos, nos meus 51, ria
e dizia: “ainda não sei o que quero ser quando crescer. Hoje, estando pronta ou
não, eu cresci e já sei. É o que sou: grata.”
Texto: Véra Regina Friederichs
Nenhum comentário:
Postar um comentário