Leitura: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan
Kardec, capítulo 17 Sede Perfeitos, item 3, O Homem de Bem
“Os Acordos da Vida”
No livro “Os Quatro Compromissos”, D.Miguel Ruiz,
escritor mexicano, ensina quatro propostas da filosofia Tolteca para que a
pessoa seja feliz. Cada um destes compromissos ou acordos pode ser comparado
com os ensinamentos de Jesus e do Espiritismo.
Viver na terra é difícil, porque, durante a
vida, tomamos decisões que podem nos afastar do caminho do bem. Para nos
auxiliar, a providência divina envia mensageiros do bem, que nos indicam os
rumos mais seguros. Eles têm orientado a humanidade desde tempos imemoriais.
Os Toltecas eram homens e mulheres com muita
sabedoria, que viveram há três mil anos, no sul do México. Entre eles
havia muitos artistas e cientistas que procuravam manter acesas as culturas
espiritualistas e a de seus antepassados. Eles viviam na cidade das Pirâmides,
onde os homens se tornavam deuses.
Por muito tempo, os toltecas tiveram que esconder a
sua filosofia diante da cultura européia, mas foram transmitindo seus
conhecimentos de geração a geração, até que D.Miguel Ruiz, que era um deles,
nos brindou com os quatro compromissos ou acordos. De uma forma geral, Acordos
são aprendizados adquiridos, muitas vezes sem percebermos, sem avaliarmos, que
passam a reger a nossa vida. Eles nos podem tornar felizes ou infelizes.
O primeiro acordo para que a pessoa seja feliz é
"Falar de forma impecável para que o nosso falar construa o bem, a paz e a
felicidade". As nossas palavras estão revestidas de energia. Se
humilharmos uma pessoa, estamos, junto com as palavras, enviando energias que
poderão influenciar negativamente aquela pessoa. Se falarmos para nós mesmos
palavras pessimistas, estamos dirigindo contra nós energias envenenadas. Por
isso, esse primeiro acordo lembra o cuidado que devemos ter com as nossas
palavras, para que elas veiculem energias benéficas.
Não se trata de um purismo linguístico ou
de correção gramatical, mas que busca no ato de falar uma força de poder. A
palavra tem força criadora. O que falamos tem força. Com o que falamos
construímos ou destruímos. Não é bem a palavra que tem este poder, mas a
energia com que falamos. As palavras que utilizamos a nosso respeito se voltam
para nós. Se forem positivas, a favor; negativas, contra.
Vamos usar este poder, falando para construir o
bem. Quantas vezes, a pessoa atormentada fala: “Eu não valho nada. Não sirvo
para nada”. Passada a situação, justifica: “Eu disse numa hora de raiva. Outras
vezes, diz para outros. Estamos direcionando para nós ou para os outros o que
dizemos, porque aceitamos.
A proposta dos Toltecas em relação à fala é
comparável à de Jesus e a de Saulo de Tarso. Eles nos dizem: “O mal não é
o que entra pela boca, mas o que sai dela”. E “A boca fala daquilo que o seu
coração está cheio”.
Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, questão 766
pergunta: “A vida social faz parte da Natureza?” E o Espírito de Verdade responde:
“Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Deus não deu inutilmente
ao homem a fala e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação
social.
(Relacionar com o interesse atual por banalidades e
em conhecer a vida íntima dos outros e à falta de interesse por leitura e
atividades culturais, que nos elevem espiritual e moralmente).
Paulo nos recomenda: “Fala aquilo que convém à sã
doutrina”.
O segundo acordo é "Não tomar nada
pessoalmente". Temos o hábito de tomar tudo pessoalmente, levando a mal as
ocorrências da vida. Se formos ofendidos, não devemos levar a ofensa para o
lado pessoal. Devemos verificar se a crítica tem algum fundamento, aproveitá-la
para o nosso crescimento, em vez de nos ofendermos e absorvermos o
desequilíbrio espiritual do ofensor, ficando infelizes. Devemos estudar
maneiras para lidar com as críticas e com os elogios de forma a não ficarmos
vaidosos com o aplauso, nem arrasados com a crítica.
O nosso grande problema é tomar tudo como se fosse
para nós. Começamos a fazer do lixo da alma alheia o nosso lixo. Quando alguém
nos disser uma palavra agressiva, isso é com ele. Muitas vezes, a pessoa está
brigando com ela mesma. Temos uma expressão que define pessoas assim: “Fulano
se acha”, porque diz coisas que não são para ninguém.
Quando levo pessoalmente, dá vontade de me vingar.
Os toltecas eram mais felizes, porque não levavam
para si as coisas positivas nem negativas. Camilo, o guia espiritual de Raul
Teixeira lhe recomendou........ aplausos ou críticas. Desta forma ele não fica
vaidoso quando acerta e nem se arrasa quando erra.
O Terceiro Acordo é "Não fazer
suposições". Costumamos fazer suposições sem averiguar, sem ajuizar e sem
procurar confirmação. Normalmente, não temos coragem de verificá-las. Temos a
pretensão de, em todas as circunstâncias, ter o nosso juízo sempre correto. Com
esta atitude não estamos sendo humildes. Este acordo é mais difícil que os
anteriores. Se alguém sorri, dizemos: “Do que aquela hiena está rindo? Só pode
ser de mim. E muitas vezes não é.
Num casamento a moça supõe que o amor que ela sente
é o mesmo que ele sente por ela. E às vezes não é. Não existe um amorômetro.
Outro exemplo: ela é romântica e ele é frio. Ela
supunha que ele era tão meloso quanto ela. E teve seus sonhos frustrados porque
supôs e não checou antes do casamento.
O homem espera que a esposa leve café na cama, e
que não saia da cozinha inventando comidinhas para ele. E ela detesta cozinha.
Ele se frustra porque acreditou na sua suposição e não perguntou.
Quantos percebem os defeitos dos namorados e
namoradas e dizem que quando casarem resolverão, que vão consertá-los. E não
vão. Para isso existe o falar. Se levarmos a sério todas as nossas suposições,
a vida se tornará um inferno.
Jesus disse: “Não julgueis”. A suposição é um
julgamento. Quando houver o ti-ti-ti vamos aclarar, vamos ver o que está
havendo, vamos procurar o envolvido e esclarecer a questão antes que se torne
uma bola de neve.
Chico Xavier e o confrade. Abraçou um bambu.
O quarto acordo é: "Faça o melhor, no tempo
disponível", e nos ensina que devemos esforçar-nos para que o nosso
trabalho e tudo o que fizermos tenha qualidade.
É uma lição de humildade e de simplicidade. Nós
desatendemos as regras do bom senso. Queremos fazer as coisas acima dos nossos
limites para depois reclamarmos. A lei do trabalho aparece em “O Livro dos
Espíritos”, mas logo depois vem a lei do repouso.
Trabalho acima das minhas forças, fico rico em
pouco tempo, enfarto, desencarno e os herdeiros vão desfrutar do que
conquistei.
Allan Kardec diz que o limite do trabalho é o
limite das nossas forças.
História do discípulo que foi a um templo budista e
perguntou sobre a meditação.
Se eu fizer muita coisa, não vou fazer nada de bom.
Quem tudo quer, pouco abraça. Os toltecas recomendam que eu faça o meu melhor
no meu tempo disponível e de acordo com os meus limites.
As propostas dos toltecas são as mesmas de Jesus
Cristo e da doutrina espírita. São quatro ensinamentos universais, que servem
de orientação para termos uma vida moral e espiritualmente saudável e mais
feliz.
Estes quatro acordos servem de roteiro para
trilharmos o caminho do bem e para chegarmos mais perto de ser "O Homem de
Bem", definido pela leitura no início da exposição.
Exposição feita por Véra Regina Friederichs em 14/05/2018, no Centro de Estudos Espíritas Allan Kardec, no Balneário de
Ubatuba, ilha de São Francisco do Sul, Norte de SC
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