terça-feira, 26 de abril de 2022

Homenagem Póstuma à Simone Pereira

     Desde o início desta semana ficou muito triste chegarmos no Cras Sandra Regina, bairro Ubatuba, São Francisco do Sul, porque no último sábado uma grande liderança e entusiasta do seu trabalho, a educadora social Simone Pereira,  teve um infarto e nos deixou, enquanto trabalhava no computador na sua casa, fora do seu horário de trabalho, em um projeto.

 Seu entusiasmo, pique de trabalho e dedicação total ao Cras eram contagiantes, principalmente aos seus idosos, como ela mesma dizia: "minhas crianças". 

    A educadora social trabalhava neste Cras há 12 anos, desde a sua inauguração.

     Para homenageá-la, fui buscar no Evangelho de Mateus, capítulo13, versículos 1 a 9, o relato de um belo e profundo ensinamento de Jesus.

     O Apóstolo conta que "Naquele mesmo dia, tendo saído de casa, Jesus sentou-se à borda do mar... Em torno Dele reuniu-se grande multidão. Jesus entrou numa barca e todo o povo permaneceu na margem. Disse então, muitas coisas por parábolas, falando-lhes assim:

     "Aquele que semeia saiu a semear".

     Ficamos, então a imaginar como seria um semeador. Seria um santo, um profeta, alguém especialmente escolhido? Não. O semeador é alguém que arregaça as mangas, toma as sementes e sai para o plantio. Feita a sua parte, o semeador confia no solo fértil que favorecerá a germinação, a floração e a frutificação. Ele sabe que muitas sementes poderão se perder, mesmo assim, ele semeia.

     A história da Humanidade teve muitos semeadores que espalharam sementes nobres. Mas, por descuido, intolerância ou má vontade daqueles que as receberam, muitas não germinaram. Outras, todavia. nasceram e deram bons frutos, dando a muitas pessoas a oportunidade de receber novas sementes.

     Descobrimos uma dessas semeadoras nos dias atuais.

     Que religião ela professa? A que nível social ela pertence? Qual é o seu grau de escolaridade? Bem, isso tudo não importa.

     Ela é apenas uma semeadora. Entre as sementes que espalha, estão o amor ao próximo, a bondade, o perdão,a paciência, a generosidade, a paz e a alegria.

     Seria lícito o silêncio, em nome da humildade, da confiança em Deus, transferindo aos céus a tarefa? Depois de refletir, aprendemos que a proposta de Cristo é desafiadora, não conformista, não hipócrita, com fala mansa para parecer elevada, nem com hipocrisia para disfarçar inferioridade. Recordando-nos de Jesus nas praças públicas, temos procurado levar as lições que Ele nos ensinou.

     Esta semeadora sabe que a conquista da paz é um desafio que requer urgência e mãos operosas.

     Seu instrumeno de trabalho é a sua voz clara e suave como a brisa da primavera que leva as sementes e as deposita no solo, sem alarde.

     Sua mochila é o seu coração terno e compassivo, fonte viva de sementeira inesgotável. Seu ideal é o amor sem fronteiras... O amor incondicional que, semelhante a um botão de rosa, se abre e exala o seu perfume para toda a gente.

     Seu nome?

     Ela não faz questão, mas é justo que seja dito: Simone Pereira.

     Quando você ouvir este nome, saiba que se trata de uma incansável semeadora da paz

   E estamos aqui para lembrar das muitas sementes que ela lançou e do seu exemplo.

     O seu amor, aliado à sua dedicação a transforma em esposa zelosa e atenciosa, mãe, avó e filha amorosa e correta, presente, dedicada e cuidadosa com os limites e disciplina tão esquecidos e necessários nos dias atuais e em amiga e companheira sincera, honesta e leal.

     Na família, no trabaho, na igreja e entre amigos tivemos a sorte e o privilégio de tê-la entre nós, nos transformando em amigos e irmãos, partindo para a vivência do Evangelho na prática ,como Cristo nos ensinou.

     Quando tínhamos problemas, sabíamos onde encontrar o ombro e o ouvido amigos. O mesmo acontecia com as alegrias a serem compartilhadas. A Simone estava sempre disponível pra comemorar uma vitória ou enxugar uma lagrima.

     Lá fora a chuva pode cair e a tristeza pode chegar, mas aqui dentro do Cras sente-se  o calor. O calor humano.  Aos estranhos não parece, mas transparecem os sentimentos de uma verdadeira família, onde pode-se dizer que todos vivem como irmãos e entre irmãos. Com muito amor, respeito e consideração.

   Querida Simone! Que Deus a receba em paz, de braços abertos e com a sua misericórdia nos conforte, dê força e coragem para enfrentarmos estes momentos difíceis, lembrando sempre do seu legado.

     Descanse em paz querida e inesquecível amiga.

     Homenagem dos seus familiares e amigos do Cras Sandra Regina

Texto: Vera Regina Friederichs

Jornalista e frequentadora do Cras Sandra Regina desde 2011, tendo nos últimos tempos a 

Simone Pereira como educadora social