segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Tempos Modernos

Seria ingênuo pensar que estamos vivendo uma época pior que os tempos passados.

     Muitos idosos saudosistas aqui presentes acham que nós somos menos felizes hoje do que antigamente.

     Alguém se lembra aqui, provavelmente há muito pouco tempo, da época em que a gente assistia televisão e colocava na antena interna um Bombril pra captar a imagem.
     Quem se lembra disso levanta a mão.

     Vocês se lembram como era a televisão colorida até 1970?

     Como fazíamos pra enxergar cores na televisão?

     Papel celofane vermelho, azul e verde.

     As televisões eram todas com válvulas grandes e muito ineficientes, porque dificilmente nós conseguíamos ver alguma imagem.

     Então as poucas pessoas que tinham condições de ter uma televisão eram aquelas da vizinhança, que tinham mais recursos. Quando eram caridosas, convidavam seus vizinhos pra assistirem algumas programações que nunca entravam no ar.

     Era o famoso “Tele vizinho.”

     Quando surgiu a televisão colorida, nós ficamos encantados. Assistíamos à programação das redes de televisão brasileiras e lá por 1974 foi que se teve uma copa do mundo de futebol, onde conseguimos ver a cor da camiseta da seleção brasileira e distingui-la das demais.

    Era um acontecimento.

    Alguém já namorou por carta? Não estou falando por e-mail, face ou watsap. Eu namorei. Morava em São Leopoldo, na grande Porto Alegre, RS, quando em 1979, formada em Jornalismo, me mudei pra Joinville a mais de 700 quilômetros de distância.

     Deixei na minha terra natal um namorado e não tinha jeito. Namoro só por carta. O tempo e a distância se encarregaram de acabar com o encantamento e a paixão.

     O interessante das cartas é que levavam alguns dias para chegar. E quando a gente recebia era uma grande emoção. Lia-se frase por frase, parágrafo por parágrafo, devagar, porque não tinha como chegar outra carta em pouco tempo.

     Quem namorou por carta ou escreveu alguma, levanta a mão. Viu só prefeito, como tem gente antiga nesta plateia? Inclusive eu.

     Depois da chegada da Internet, da comunicação acelerada, hoje nós recebemos um watsap e instantaneamente respondemos.

     Uma das características da nossa vida moderna é a aceleração.

     Ninguém quer mais se comunicar por cartas e muito menos usar Bombril pra assistir à televisão. Tenho certeza que esse é um aspecto do passado, que não nos interessa mais.

     O grande problema do progresso está na velocidade com que os acontecimentos e as informações nos chegam.

     Joana de Angelis diz que junto com a globalização, nós desenvolvemos a inquietude, a insegurança e a ansiedade. E dá pra entender, porque assim como nós precisamos interromper as nossas atividades na hora do almoço, para nos alimentarmos com uma refeição, precisamos depois, de um tempo para a digestão.

     Do ponto de vista mental, nós também necessitamos de um tempo mínimo para absorver e digerir algumas informações.

           Quais os maiores obstáculos ao progresso? O orgulho e o egoísmo.

      Refiro-me ao progresso moral, porque o progresso intelectual acontece sempre. A nossa grande dificuldade está em conciliarmos os avanços intelectuais com os pacatos e lerdos avanços morais.

     A nossa vida tecnológica e a nossa vida intelectual ganharam um processo de velocidade muito acentuado, mas nós espiritualmente não avançamos na mesma medida.

      Nós temos uma dificuldade muito grande de avançarmos inteiros neste processo. Nos apresentamos numa capa de modernidade e de progresso intelectual.

     Vivemos a época da beleza. Vivemos a época da tecnologia, mas, vivemos também a época da miséria moral, porque quanto mais se avança intelectualmente, mais se sobressaem e se destacam as nossas dificuldades sobre o ponto de vista da ética e do nosso comportamento.

     Sabemos que é inevitável o nosso crescimento, mas o nosso desafio aumentou, porque nós precisamos desenvolver uma capacidade muito maior de generosidade para termos condições pelo menos de olharmos uns para os outros e darmos um sorriso sincero, para não nos tornarmos superficiais.

     Temos que tomar muito cuidado, porque se existe algo que devemos manter entre nós, idosos, é o amor genuíno, verdadeiro, de afetividade, de calor humano.

     Ao sairmos daqui, quando voltarmos para as nossas casas e depois de passarmos esta semana reunidos nesta confraternização de amizade e esporte, nós temos a obrigação de nos voltarmos a nós mesmos e fazermos uma séria reflexão.

     Nos tornarmos pessoas melhores. Não pessoas melhores no discurso, na colocação intelectual, o que também é importante, mas nos tornarmos melhores nos pequenos detalhes do nosso dia a dia. Nos tornarmos melhores, modificando comportamentos interiores, combatendo por exemplo, a nossa inveja e o nosso orgulho. Nos tornarmos melhores, vigiando os nossos pensamentos, sentimentos e atitudes.

      Nos tornarmos melhores sabendo envelhecer.

     Não há nenhum problema em envelhecer. As pessoas que sabem envelhecer, sabem também que este é o momento da vida em que as aquisições materiais só podem ganhar sentido, se forem acompanhadas dos valores espirituais essenciais mais nobres e mais profundos da nossa caminhada.

     Existe uma diferença entre aceitar a idade e conviver bem com ela ou negá-la.

     Na negação, a pessoa tem um comportamento incompatível com  a condição de vida em que ela está, que é muito comum hoje em dia as pessoas viverem como se fossem jovens quando já estão, por exemplo, com 60 anos ou mais.

     Elas estão tentando viver uma fase da vida que já passou e não há organismo que resista.

     Para encerrar esta reflexão escolhi o texto “Viajantes”, de Sérgio Lopes, que diz mais ou menos assim:

     “Anda, avança viajante do tempo.
      Não são teus os passos vencidos, sequer os devaneios que se perderam na escuridão.
      e o rio não volta à fonte, também a vida não anda para trás.
      Tenho os pés para escalar os montes e asas na alma para sonhar a paz.
      Talvez no passado sofrido, guarda as lágrimas de infortúnios teus.
      Anda, avança viajante do tempo.
      A vida começa agora.
      E logo virão as glórias, tuas conquistas nos braços de Deus.”

Fontes: Sérgio Lopes, Mário Quintana, Joana de Angelis, Allan Kardec.

  

quarta-feira, 22 de março de 2017

Tentações e Virtudes

Quando a criatura retém enorme fortuna, podendo claramente desmandar-se na avareza, aplicando-se tão-só ao gozo pessoal, e procura utiliza-la no progresso e no bem-estar dos semelhantes...

Quando a pessoa dispõe de autoridade para manejar, em seu exclusivo proveito, a influência de que desfruta, mas, ao invés disso, busca emprega-la no auxílio aos outros...

Quando um homem ofendido se vê com meios suficientes para vingar-se, pela forma que julgue mais razoável, e perdoa de coração a ofensa recebida, reconhecendo-se igualmente passível de errar...

Quando alguém já fez por outrem todos os benefícios que se lhe faziam possíveis, recolhendo invariavelmente a incompreensão por resposta, e prossegue amparando esse alguém, na medida de seus recursos, sem exigência e sem queixa...

Em verdade, semelhantes companheiros terão vencido as maiores tentações que lhes assediavam a vida.

Todos nós – espíritos ainda em evolução regate – somos experimentados nos temas do caminho terrestre, em cuja vivência temos caído de outras vezes...

Isso acontece, porque, em muitas circunstâncias, as nossas provações assumem na escola humana a forma de testes indispensáveis.

Há quem renasça ostentando atrações físicas para superar a inclinação para o desregramento; portando um cérebro privilegiado para vencer a vaidade da inteligência;

retendo múltiplas titulações acadêmicas para subjugar a propensão para o abuso;

exercendo encargos difíceis, em causas nobres da Humanidade, para extinguir o impulso de traição ou deslealdade.

Cada um de nós, onde esteja, é examinado pela Vida Superior, nas tendências inferiores nas quais já faliu em existências passadas, e apenas conseguiremos a vitória sobre nós mesmos, quando repetirmos as operações do bem sobre o mal que nos procure, tantas vezes quantas sejam necessárias, mesmo além do débito pago ou da mancha extinta.

Fácil, por isso, reconhecer que sem o toque da tentação a virtude realmente não aparece, e assim será sempre, de vez que toda inocência será levada, hoje, amanhã ou depois, ao cadinho da luta, a fim de que não permaneça na condição de flor improdutiva no vaso lindo, mas inútil, da ingenuidade. .
Pelo Espírito:

EMMANUEL

Do livro: Rumo Certo, Médium: Francisco Cândido Xavier.
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sexta-feira, 17 de março de 2017

Homenagem às Mulheres

No Evangelho de Mateus, capítulo  XIII, versículos 1 a 9, encontramos o relato de um belo e profundo ensinamento de Jesus.
O Apóstolo conta que "Naquele mesmo dia, tendo saído de casa, Jesus sentou-se à borda do mar... Em torno Dele logo se reuniu grande multidão. Jesus entrou numa barca e sentou-se, e todo o povo permaneceu na margem. Disse então muitas coisas por parábolas, falando-lhes assim: 'Aquele que semeia saiu a semear...”
Ficamos, então, a imaginar como seria um semeador.  Seria um santo, um profeta, alguém especialmente escolhido? Não. Um semeador é alguém que arregaça as mangas, toma as sementes e sai para o plantio. Feita a sua parte, o semeador confia no solo fértil, que favorecerá a germinação, a floração e a frutificação. Ele sabe que muitas sementes poderão se perder, mesmo assim ele semeia.

A história da Humanidade teve muitos semeadores, que espalharam as sementes de idéias nobres. Mas, por descuido, indolência ou má-vontade daqueles que as receberam, muitas não germinaram. Outras nasceram e deram bons frutos.
Descobrimos que as mulheres estão entre esses semeadores nos dias atuais.
Que religião elas professam? A que nível social pertencem? Qual é o seu grau de escolaridade? Bem, isso tudo não importa.
Elas são apenas semeadoras. Entre as sementes que espalham estão o amor ao próximo, a bondade, o perdão, a paciência, a generosidade, a paz, e a alegria.
 Recordando-nos de Jesus, nas praças públicas, temos procurado levar as lições que Ele nos ensinou,  principalmente aos jovens. Estas semeadoras sabem que a conquista da paz é um desafio, que requer urgência e mãos operosas.
E as semeadoras saíram a semear...
Seu ideal é o amor sem fronteiras... O amor incondicional que, semelhante a um botão de rosa, se abre e exala seu perfume para toda a gente.
E se estamos aqui reunidos hoje é para comemorar muitas sementes que ela lança. Junto com as sementes que vai lançando em solo fértil, temos o seu exemplo. O seu amor aliado à sua dedicação a transforma em esposa amorosa e correta, em mãe, avó e bisavó presente, dedicada, cuidadosa e em amiga e companheira sincera, honesta e leal.
Na família, no trabalho, na igreja e entre amigos, onde temos a sorte e o privilégio de tê-las entre nós, nos transformamos em amigos e irmãos, partindo para a vivência do Evangelho na prática, como Cristo nos ensinou.
O aconchego desta amizade nos alivia, trazendo-nos a sensação de nos sentir valorizados e úteis e elevam a nossa autoestima. Procuramos seguir à risca as lições da mulher, transformando-nos em multiplicadores das sementeiras de amor.
Lá fora a chuva pode cair, mas aqui dentro sentimos o calor. O calor das mulheres.  Aos estranhos, não parece, mas desfrutamos dos sentimentos de uma verdadeira família. Podemos dizer com muito orgulho que vivemos como irmãos e entre irmãos. Com muito respeito, consideração e amor, preenchendo em alguns casos uma lacuna e ajudando a superar carências. Quando a tristeza nos abate, temos o apoio da amizade das mulheres,  que tudo compensa.
Que Deus ilumine as mulheres e a nós todos.  E que Maria de Nazaré nos cubra com o seu manto. Que este manto cresça até proteger também os nossos familiares, as pessoas que amamos e principalmente as mulheres pelos seus exemplos de amor, união e paz. Que assim seja.