quarta-feira, 1 de junho de 2011

Cão na praia

Durante o tempo em que morei em São Leopoldo, por três anos, sonhava todo o dia em caminhar na praia, passear pela orla à noite, agora que os balneários da nossa querida ilha estão iluminados e a cada momento nos oferecem paisagens e situações diferentes. Às vezes, marés alta ou baixa, no último domingo a bela e assustadora ressaca, o sol, as ondas, os pescadores, os barcos, as gaivotas, a lua cheia que  nos presenteia com o mar prateado, as corujas atentas aos seus ninhos... São tantas belezas que poderíamos escrever páginas e páginas.
Desde que mudei para o Balneário de Ubatuba, gosto de caminhar diariamente em diferentes lugares. Dia destes, feliz da vida, colocando as minhas caraminholas em seus devidos lugares, praia quase deserta, encontrei um jovem casal com um cachorro daqueles pequeninos e barulhentos. Era um pintcher. Bem cuidado, de banho tomado, quem sabe até perfumado, vacinado segundo seus donos, mas era um cachorro na areia e na água da praia.
Fui ao encontro dos três e perguntei se eles eram daqui. Disseram que não. Perguntei se nao sabiam que é proibido andar com cachorros na praia. Em tom de deboche, responderam que o cachorro deles podia. Tinha todos os cuidados. Cachorro de rua é que transmite doenças, argumentaram.
Como não tenho paciência para quem subestima minha inteligência perguntei se o cachorro deles não fazia xixi nem cocô na praia. Disseram com a maior cara de pau que não. E foram saindo.
Fiquei indignada com a criação de mais uma infração com impunidade  neste país: cachorro de madame pode andar, emporcalhar nossas praias, transmitir doenças para nós, nossos filhos e netos e tudo bem. Aliás estranhei que em toda a extensão da praia da Enseada não há uma placa proibindo o acesso de cachorros. Fica registrado o meu protesto e o meu direito de cidadã pela saúde pública.

Véra Regina Friederichs