sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Fora da caridade não há salvação



Bezerra de Menezes, o Apóstolo da Caridade

Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti

Caso do Abraço em nome de Nossa Senhora:

Um homem procurou Bezerra, dizendo estar desempregado e doente, como os seus. Ele olhou nos bolsos e nada encontrou, perguntou então se ele acreditava em Nossa Senhora. Ele respondeu que sim, então lhe deu um abraço dizendo que era em nome dela, e disse para repetir o gesto em casa. Na semana seguinte voltou para agradecer, pois ficou curado e arranjara emprego.

- Nascimento: 29 de agosto de 1831 – Riacho do Sangue – Ceará (180 anos)

- Desencarne: 16 de abril de 1900    Rio de Janeiro (111 anos)

- Médico, político, jornalista, escritor e espírita

Bezerra de Menezes – Médico

Com 25 anos, concluiu brilhantemente o Curso de Medicina. Associou-se a outro colega de turma e instalaram-se no centro da cidade. Sem nome  feito, durante meses, o consultório não recebeu nenhum cliente. Mas, o mesmo não acontecia na sua casa. Viu-se, em pouco tempo, rodeado de numerosa clientela. Só que não lhe rendia coisa alguma. Sua clientela era formada por famílias absolutamente pobres. Começava a esboçar-se o Apóstolo do Bem e da Caridade. Pela extrema dedicação aos mais necessitados, teve no seu nome o complemento de “O Médico dos Pobres”. Este título foi o mais glorioso em sua vida, conforme sua própria confissão.

Bezerra de Menezes – O Espírita

Enviuvou em 1863, ficando com a guarda dos seus dois filhos: um com três e outro com apenas um ano. Foi um golpe “cruel” para ele.
Venceu, porém, as dificuldades, após muito esforço e resignação. A viuvez levou Bezerra a ler a Bíblia e esta lhe deu espetacular entusiasmo pela religião. O Dr. Travassos fazia parte do grupo Confúcios e assim que as obras de Kardec foram traduzidas para o português, ele procurou Bezerra e lhe ofertou um exemplar de O Livro dos Espíritos. Ora, disse Bezerra – “só por ler isto, não irei para o inferno”. À medida que avançava na leitura, uma perplexidade o invadia. Lia, mas não encontrava nada que fosse novo para o seu espírito. “Eu já tinha lido ou ouvido o que se achava naquela obra”.
Casou-se de novo por amor com a irmã da sua esposa e teve outros filhos.
No dia 16 de agosto de 1886, 2 mil pessoas da melhor sociedade, atônitas e emocionadas, ouviram do eminente Bezerra de Menezes, sua proclamação aos quatro ventos, de adesão ao Espiritismo.
O Movimento Espírita Brasileiro recebia em suas fileiras aquele que mais tarde teria, também, mais um acréscimo em seu nome: O Kardec Brasileiro.
Bezerra inicia um trabalho de união e disciplina junto aos vários núcleos e grupos que disputavam na época, através de lutas, dissenções, represálias e até perseguições o “comando do Movimento Espírita. Dizia Bezerra: “Unidos seremos força, separados, meros pontos de vista”.
No Brasil, nenhum outro espírita ainda se destacou mais que Bezerra. Consolidou definitivamente a Federação Espírita Brasileira;  foi seu vice-presidente desde 1890 até sua desencarnação em 11/04/1900.
Sofreu injúrias, críticas ferinas e incompreensões; mas soube manter-se passivo e equilibrado, fraterno e cristão, diante dos seus ofensores.
Amou intensamente a todos. Trabalhou incansavelmente na Seara do Cristo.

Bezerra de Menezes – Lindos casos

1.    Anel de formatura

Ao atender uma mulher, prescreveu os remédios e lhe disse que poderia comprá-los ali mesmo, ao que esta respondeu que não tinha nem para dar o que comer, quanto mais comprar remédios, Bezerra procurou nos bolsos e nada encontrou, olhou em volta e nada viu, reparou então em seu anel de formatura, e deu-o, sem pestanejar.

2.    Caso da filha doente

Certa vez sua esposa foi procurá-lo,  pois sua filha estava muito doente, ao sair foi chamado por outra mulher, pedindo ajuda para o filho que também adoecera, disse que não pode deixar de atender a quem chama, de modo que entrega a filha a Jesus, e vai até o outro enfermo, ao retornar à casa esperava encontrar a filha morta, mas a doença passara completamente, conclui que Jesus é melhor médico que ele.

Conclusão

Bezerra de Menezes não fundava hospitais, nem escolas ou asilos, albergues, farmácias, mas ele sozinho, por si mesmo, era tudo isto:  hospitalava, esclarecia, asilava, albergava, medicava e salvava irmãos,  encaminhando-os ao roteiro de Jesus.
Seus últimos momentos nos dão lições comovedoras. Em 11 de abril de 1900 sua voz era pastosa e lenta. Apenas o olhar era vivo e sereno, bom e puro. Sua casa, cheia de irmãos e amigos agradecidos e sinceros. Alguns esperando ainda por uma receita.  Bezerra agonizava imóvel em seu leito. Seus olhos transmitiam aos familiares, aos irmãos sofredores e aos amigos sua fé, seu amor e sua resignação. Balbuciava de quando em quando: “ – coitados, são tantos à minha espera! A Mãe do Céu há de atendê-los. Pediu que o ajudassem a levantar-se um pouco e com os olhos cheios de lágrimas orou baixinho, pedindo a Nossa Senhora que não o livrasse da dor, mas que assistisse a todos os que foram buscar nele uma migalha de conforto e de amor, e que lhes desse Paz.
E para tristeza dos encarnados, desencarnou!
Duas assembléias ali se achavam; a da Terra dizia: “Não partas bom velhinho, fica conosco para nosso consolo e nossa alegria!”; - a do
Céu exclamava: - “Vem, alma boa, buscar o prêmio do teu esforço, na vitória de tua missão cristã”.
E ambas diziam em uma só voz:
“Bendito sejas Bezerra de Menezes! Louvado seja Deus!
O enterro do corpo de Bezerra de Menezes foi uma apoteose. Gente de toda a cidade do Rio. Dos morros, das favelas, gente humilde, descalça, maltrapilha: os pobres de espírito e os humildes se misturavam com outra gente rica e poderosa, pertencente ao mundo oficial do Governo e entidades culturais.
Todos choravam como se tivessem se apartado de um querido Pai. Foi amigo, irmão, verdadeiro Médico dos Pobres, Kardec Brasileiro, Apóstolo do Espiritismo e da Caridade. Foi grande Missionário e Unificador do Movimento Espírita no Brasil.
Em 1950, no Plano Espiritual, Maria de Nazaré chamou-o para zonas superiores, mas ele preferiu ficar aqui, junto de seus pobres e doentes.
Sua vida é um exemplo de amor ao próximo, em que ele ganhou 50 encarnações em apenas uma. Não precisamos fazer tanto, mas podemos ganhar uma ou duas apenas tentando um pouco.

Outros casos

Empréstimo do alfaiate

Quando precisou de dinheiro, pensou em procurar o amigo alfaiate que sempre lhe valeu com pequenas quantias, mas desta vez era um valor grande, 50.000 réis, vacilando, ao chegar não o encontrou, pois estava viajando, afinal sentiu-se aliviado, pois se não poderia ter o dinheiro, pelo menos não teria a dívida também.

Fé incipiente: caso do estudante de matemática

Noutra ocasião, precisava do dinheiro para pagar o aluguel e a escola, como não tinha a quem recorrer, pela primeira vez rezou, mais tarde bateu-lhe à porta um estudante que queria que lhe ensinasse matemática, mesmo sem saber a matéria aceitou, e este lhe pagou adiantado, o que deu certinho para suas despesas, correu para a biblioteca para estudar, mas ele nunca mais voltou, disse que foi a única vez que estudou a matéria a fundo.

Caso do amigo que perdeu o filho e ele lhe deu tudo o que tinha

Quando comandava a empresa de trens, ao findar o expediente, um conhecido chegou até ele dizendo que seu filho havia morrido, não deixou ele continuar, chamou a um canto, tirou a carteira e nem olhou o quanto tinha, deu-lhe tudo, percorreu os bolsos e deu até as moedas que possuía. Não esperou agradecimentos e foi embora, só então percebeu que não tinha nem para o bonde, de modo que foi obrigado a pedir a amigos a passagem.

Caso da filha doente que ele deixou de ajudar para visitar um enfermo pobre como exemplo de fé

Certa vez sua esposa foi procurá-lo, pois sua filha estava muito doente, ao sair foi chamado por outra mulher, pedindo ajuda para o filho que também adoecera, disse que não pode deixar de atender a quem chama, de modo que entrega a filha a Jesus, e vai até o outro enfermo, ao retornar à casa esperava encontrar a filha morta, mas a doença passara completamente, conclui que Jesus é melhor médico que ele.

Desobssessão I

Nos trabalhos de desobssessão na FEB, um espírito não queria aceitar a Deus, dizendo que este não existia como nada mais lhe restava a dizer, decidiu orar, foi o que fez, mas tão sentidamente que convenceu o espírito reticente: "Basta, para que vocês orem desse modo, é preciso que um Deus exista".

Desobssessão II

Também na desobssessão, após convencer um espírito obssessor, este lhe disse: "Bom velhinho, não foram suas palavras que me convenceram, mas os seus sentimentos".

Caso do Dinheiro das Consultas

Muitas vezes, comovido com o pesar das pessoas, ia até o amigo farmacêutico e pegava tudo o que ele tinha recebido e distribuía aos necessitados que o procuravam.

Caso da Carroça de Alimentos

Em certa ocasião a situação estava muito ruim, a mulher lhe disse que não teriam o que comer à noite, e ele respondeu que confiasse em Jesus, ao voltar de noite ela reclamou do seu exagero, o que ele estranhou, então ela mostrou uma enorme quantidade de alimentos que lhe foi entregue de manhã, cuja origem jamais souberam.

Palestra proferida por Véra Regina Friederichs, no Centro de Estudos Espíritas André Luiz, em Ubatuba, São Francisco do Sul



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