A tela em branco é para a jornalista/escritora um espaço que tem que ser preenchido custe o que custar. Muitas vezes, a busca de inspiração percorre chips da memória guardados a sete chaves e que sem querer são invadidos, trazendo recordações inesperadas. Algumas, bem vindas. Outras, melancólicas e capazes de transformar antigas emoções em lágrimas.
À medida que o texto vai se desenvolvendo sem eu conseguir definir um tema, a angústia e a ansiedade aumentam, a ponto de me causarem taquicardia e uma dor profunda na boca do estômago, frutos da adrenalina que toma conta de mim.
Esta é uma das mais duras missões do jornalista: escrever sem nada dizer; dourar a pílula ou entre os mais íntimos e brincalhões: “encher lingüiça mesmo”. Confesso que depois de meses, afastada do teclado deste computador, sinto saudade da época da máquina de escrever, quando tínhamos a oportunidade de misturar palavras com emoções, batendo rapidamente nas teclas e fazendo um barulho que era uma festa para os nossos tímpanos.
Quando as primeiras palavras tomavam forma e não gostávamos do que líamos, a reação era imediata: arrancávamos o papel da máquina e amassando-o com furor e indignação jogávamos a nossa tentativa frustrada no lixo. Tinha dias em que à medida que o tempo passava e aumentava a pressão do editor para entregarmos a matéria a tempo de não atrasar o fechamento do jornal, o lixo ia se enchendo cada vez mais.
E como uma lembrança puxa a outra, recordo da Turma do Pasquim, jornal alternativo que circulava na época da ditadura, que chegou a criar: “O Jornal do Cesto”. E já que estamos falando de lixo, e entramos no túnel do tempo, quando ainda não havia as preocupações que temos hoje com o ecologicamente correto, aquecimento global, CFC, derretimento das calotas polares,blá,blá,blá,blá,blá,blá e os eco chatos nem existiam, uma das revistas de circulação semanal da época mandou seus repórteres examinarem o lixo de personalidades e políticos, até então acima de qualquer suspeita, que deu muito pano prá manga. Bons tempos aqueles... Pensando melhor nem tão bons... O cartão corporativo ainda não tinha sido inventado, mas a safadeza já corria solta e com a imprensa amordaçada, muitas coisas não chegavam ao nosso conhecimento.
Se pensarmos melhor ainda, tudo continua como dantes na terra de Abrantes, com a diferença de que hoje sabemos do que está acontecendo, mas a safadeza e a falta de vergonha na cara continuam descaradamente.
E assim, eu encerro o meu primeiro texto nesta fase de retomada da minha vida, depois de um longo e tenebroso período em que fiquei fora do ar. Agradeço ao Luciano, amigo e terapeuta, por ter me obrigado a voltar a escrever, fazendo uma das coisas que mais me dá prazer: organizar o meu raciocínio e o meu pensamento, transformando-os em palavras, frases e parágrafos que façam sentido e que sejam agradáveis ao leitor.
Véra Regina Friederichs
Desde 27 de março de 2008 estava tomando coragem para criar este blog. Finalmente aí está.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEi, já esta na hora de colocar alguma coisa nova aqui não acha?
ResponderExcluirVou passar uns sites que podem servir de inspiração:
Esse site, uma amiga me indicou, gostei tanto que salvei em favoritos e estou sempre disolhando por lá, http://www.velhosamigos.com.br/index_nova.html
E outro site que eu AMO, que tem mensagens maravilhosas é este:
http://www.caboclopery.com.br/mensagens.htm
Bjx e até.