Evadir Ferreira de Lima, conhecido como "Padre" ou Motoqueiro Maluco
Não tem como não chamar a atenção.
Até os mais distraídos e desavisados levam um susto, quando estão dirigindo em plena BR 280 e dão de cara com uma parafernália diferente de tudo o que já viram neste mundo: algo parecido com o que já foi um simples triciclo um dia, só que agora muito modificado: cheio de penduricalhos, cartazes, faixas e coisas inusitadas.
A parafernália aguçou a curiosidade da jornalista, disposta até a mudar de rumo em busca de uma boa história.
Coincidência ou não, o motoqueiro seguiu o mesmo destino, não havendo necessidade de mudança na direção da sua viagem.
Evadir Ferreira de Lima, 42 anos, foi de Barracão, Paraná, para a ilha de São Francisco do Sul, Norte de SC, a 631 quilômetros, em nove horas e dez minutos, chegando à BR 280 e dirigindo-se para o Balneário de Enseada, onde parou e a jornalista finalmente conheceu a sua história.
Evadir Ferreira de Lima, conhecido como "Padre", por ser da Pastoral do Motociclismo, diz que a Pastoral prega a paz e a amizade nos encontros dos motociclistas.
Evadir também trabalha com artesanato.
Casado, tem dois filhos e mudou-se para a Prainha há um mês.
"Juntei o útil ao agradável. Viu tirar umas férias e trabalhar neste lugar maravilhoso, onde montei um negócio. Comprei um barzinho pra motorqueiros e adeptos no `Counson´, depois da Lanchonete da Prainha. Moro no mesmo local e convido todos para irem lá".
O começo de tudo
A ideia de Evadir inovar o seu triciclo começou em Dois Vizinhos, Paraná, numa corrida de MotoCross, quando seus colegas lhe deram um par de chifres, com a frase "Ninguém tá livre"; e ele colocou na frente do veículo.
"O cara da lanchonete de lá já me deu uma corda ra eu amarrar o boi.
Quando cheguei em casa, outro colega me deu um balde prá eu dar água para o boi.
Comecei pendurando essas coisas no triciclo. Tudo começou assim e até agora não parou. Isso faz seis anos. O mais novo é aquele passarinho africano que ganhei em São Bento, no Encontro de Motoqueiros, de onde estou voltando", disse Evadir.
Segundo ele, quando comprou o triciclo da marca Vokswagen 1600 era completamente limpo, sem um aadesivo sequer. Depois, alguns "trastes", como ele mesmo define, começaram a compor a "parafernália" em que se transformou.
E começou a citar um a um:
" - o ventilador de teto é para fazer um vento;
- a Risoleta, boneca, que está na frente da moto é a sua companheira de viagem. Acompanhada de um teclado de um computador, ela navega na Internet, enquanto nós viajamos. É ela que programa a viagem."
O "Padre" continua animado a descrição:
As três caveiras, que estão em cima do triciclo, são para tirar o mau olhado e a inveja. Além disso, o símbolo do motociclista é a caveira. É prá chamar a atenção mesmo.
O lagarto veio da sua fazenda. Quando estava comendo os ovos das suas galinhas, ele o matou.
O segundo teclado de computador é para o piloto.
A cuia de chimarrão ganhou do um patrão do CTG em Seara, numa feira.
O binóculo é para sacanagem. Enchedegraxa preta de "dá prá tigrada olhar".
A placa de táxi ganhou de um amigo em Indaial.
O capacete com dois chifres ganhou de um vizinho, mas garante que os chifres não são seus.
O cérebro de burro é uma calculadora.
As placas:"Eu sou uma anta" e "Leia do outro lado" são censuradas, até mesmo para a imprensa.
Outra, liberada, manda ver o macaco dentro da caixa e te um macaco mesmo, de carro.
E assim, o "Padre" para alguns, vai levando a vida de uma forma só dele, que o faz feliz.Quantos têm a coragem suficiente para viveram a sua loucura em busca d que acreditam?
A sua viagem rendeu uma boa história, provando que intuição de jornalista quase nunca falha e que ele é um exemplo de alguém que corre para realizar os seus sonhos: morar na praia, fazer artesanato, ter um bar para motoqueiros e pregar a paz.
A partir desta história, Evadir também ganhou um novo apelido: "Maluco Beleza".
O macaco dentro da caixa serve para trocar os pneus furados
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