Texto que me reportou à casa da vó Ana nos domingos à tarde. Doces recordações.
"Mãe, posso dormir na casa da vó hoje?"
Escutei dentro do ônibus hoje de manhã.
Quando consegui me virar pra ver a criança que me fez voltar ao passado apenas com uma frase.
Ela já não estava mais ao meu alcance.
Viajei longe.
Quando foi que o tempo passou e nos fez adultos cheios de prioridades chatas?
Lutamos todos os dias por alguma coisa que não sabemos se é o que realmente queremos.
Quando na verdade, casa de vó é onde os ponteiros do relógio tiram férias junto com a gente e passam os minutos sem pressa de chegada.
Casa de vó é onde uma simples macarronada e um pão caseiro ganham sabores diferentes deliciosos.
Casa de vó é onde uma inocente tarde pode durar uma eternidade de brincadeiras e fantasias.
Casa de vó é onde caixas fechadas se tornam baús de tesouros secretos, prontos para serem desvendados.
Casa de vó é onde os brinquedos raramente surgem prontos, são inventados na hora.
Na casa de vó, tudo é misteriosamente possível de acontecer mágico e sem preocupações.
Casa de vó é onde a gente encontra os restos da infância, dos nossos pais e irmãos e o início de nossas vidas.
Casa de vó, só mesmo lá dentro, no endereço do nosso afeto mais profundo, tudo é permitido.
Esse luxo não me pertence mais - infelizmente - viverá comigo apenas em recordações.
Mesmo assim, se eu pudesse fazer um pedido agora, qualquer pedido de todos os pedidos do mundo, eu iria pedir a mesma coisa: " mãe, posso dormir na casa da vó hoje?"
Texto: @saulo subira
Com este texto maravilhoso e emocionante, que nos faz viajar a um tempo inocente e maravilhoso, homenageio todas as avós, principalmente a Rejane e a Maristela, minhas irmãs e seus adoráveis netos: Eduarda Catarina e Heitor, a linda Helena e o caçula Miguel, no auge do seu primeiro aninho, que tanto nos encanta.
Vera Regina Friederichs
Vera querida.
ResponderExcluirViajei tb com esse teu texto.
Obrigada por compartilhar. Me coloco na qualidade de vo e tb como neta.
A vida é uma eterna viagem no tempo.
As vezes idas , as vezes volta.
Beijos.
Através do teu texto também voltei no tempo. Aquelas noites em volta do fogão a lenha, a espiga de milho assando na chapa e a minha vó contando histórias de encantamento, de rios de luz e pedras preciosas. Ela, já se foi há muito tempo, mas me deixou momentos eternos. Beijo amiga e obrigada pela "viagem ".
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