domingo, 20 de novembro de 2011

Bem-aventurados os aflitos

       O Evangelho Segundo o Espiritismo
Capítulo 5: Bem-aventurados os aflitos
       O Céu e o Inferno

Segunda Parte - Exemplos

Capítulo 4 – Espíritos Sofredores
O castigo
Exposição geral do estado dos culpados por ocasião da entrada no mundo dos Espíritos, ditada à Sociedade Espírita de Paris, em outubro de 1860.
"Depois da morte, os Espíritos endurecidos, egoístas e maus são logo presas de uma dúvida cruel a respeito do seu destino, no presente e no futuro. Olham em torno de si e nada veem que possa aproveitar ao exercício da sua maldade - o que os desespera, visto como o insulamento e a inércia são intoleráveis aos maus Espíritos.
Não elevam o olhar às moradas dos Espíritos elevados, consideram o que os cerca e, então, compreendendo o abatimento dos Espíritos fracos e punidos, se agarrarão a eles como a uma presa, utilizando-se da lembrança de suas faltas passadas, que eles põem continuamente em ação pelos seus gestos ridículos.
Não lhes bastando essa zombaria, atiram-se para a Terra como abutres famintos, procurando entre os homens uma alma que lhes dê fácil acesso às tentações. Encontrando-a, dela se apoderam exaltando-lhe a cobiça e procurando extinguir-lhe a fé em Deus, até que por fim, senhores de uma consciência e vendo segura a presa, estendem a tudo quanto se aproxime a fatalidade do seu contágio.
O mau Espírito, no exercício da sua cólera, é quase feliz, sofrendo apenas nos momentos em que deixa de atuar, ou nos casos em que o bem triunfa sobre o mal.
Passam no entanto os séculos, e, de repente, o mau Espírito pressente que as trevas acabarão por envolvê-lo; o círculo de ação se restringe e a consciência, muda até então, faz-lhe sentir os acerados espinhos do remorso.
Inerte, arrastado no turbilhão, ele vagueia, como dizem as Escrituras, sentindo a pele arrepiar-se de terror. Não tarda, então, que  um  grande vácuo se  faça  nele  e  em  torno  dele: chega o momento em que deve expiar; a reencarnação aí está ameaçadora... e ele vê como num espelho as provações terríveis que o aguardam; gostaria de  recuar, mas avança e, precipitado no abismo da vida, rola em sobressalto, até que o véu da ignorância lhe recaia sobre os olhos. Vive, age, é ainda culpado, sentindo em si não sei que lembrança inquieta, pressentimentos que o fazem tremer, sem recuar, porém, da senda do mal. Por fim, extenuado de forças e de crimes, vai morrer.
Fechadas as pupilas, ele vê um clarão que desponta, ouve estranhos sons; a alma, prestes a deixar o corpo, agita-se impaciente, enquanto as mãos contraídas tentam agarrar as cobertas...Gostaria de  falar, gritar aos que o cercam: - Retenham-me! eu vejo o castigo! - Impossível! a morte sela-lhe os lábios esmaecidos, enquanto os assistentes dizem: Descansa em paz!
E contudo ele ouve, flutuando em torno do corpo que não deseja abandonar. Uma força misteriosa o atrai; vê, e reconhece finalmente o que já vira. Espavorido, ei-lo que se lança no Espaço onde desejaria ocultar-se, e nada de abrigo, nada de repouso.
Retribuem-lhe outros Espíritos o mal que fez; castigado, confuso e escarnecido, por sua vez vagueia e vagueará até que a divina luz o penetre e esclareça, mostrando-lhe o Deus vingador, o Deus triunfante de todo o mal, e ao qual não poderá apaziguar senão à força de expiação e gemidos.
Georges."


Nota - Nunca se traçou quadro mais terrível e verdadeiro à sorte do mau; será ainda necessária a fantasmagoria  das chamas e das torturas físicas?
Bem e mal sofrer

 Quando Cristo disse: “Bem-aventurados os afli­tos, o reino dos céus lhes pertence”, ele não se referia aos sofredores em geral, pois todos os que estão na Terra so­frem, quer estejam sobre um trono ou na miséria; porém, poucos sabem sofrer, poucos compreendem que só as pro­vas bem toleradas podem conduzi-los ao reino de Deus. O desânimo é um erro; Deus vos recusa consolações se vos falta coragem. A prece é uma  sustentação para a alma, mas não é suficiente, é preciso que ela seja apoiada sobre uma fé viva na vontade de Deus. Muitas vezes vos foi dito que ele não envia um fardo pesado para ombros frágeis; o fardo é proporcional às forças, como a recompensa é proporcional à resignação e à coragem. A recompensa será tanto mais grandiosa quanto mais penosa for a aflição, mas é preciso merecer essa recompensa; é por isso que a vida é cheia de dificuldades.
         O   militar que não é enviado para a luta não fica con­tente, porque o repouso no campo não lhe proporciona ne­nhuma promoção; sede, pois, como o militar e não procureis um repouso no qual vosso corpo se enfraqueceria e vossa alma se embotaria. Ficai satisfeitos quando Deus vos envia à luta. Essa luta não é o fogo da batalha, mas as aflições da vida onde, muitas vezes, é necessário ter mais coragem que em um sangrento combate, porque aquele que permanece firme diante do inimigo, cederá sob a pressão de um sofri­mento moral.
O homem não tem recompensas por essa espécie de coragem, mas Deus lhe reserva os louros da vitória e um lugar glorioso. Quando vos chegar um motivo de dor ou de contrariedade, esforçai-vos para superá-lo, e quando chegardes a dominar os impulsos da impaciência, da cóle­ra ou do desespero, dizei com uma justa satisfação: “Eu fui o mais forte”.
“Bem-aventurados os aflitos” pode, portanto, ser as­sim traduzido: Bem-aventurados aqueles que têm o ensejo de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua sub­missão à vontade de Deus, pois eles terão centuplicadas a alegria que lhes falta na Terra, e, após o trabalho, virá o repouso. (Lacordaire.(65) Havre, 1863.)

O mal e o remédio

Santo  Agostinho – Paris, 1863

                   No estado de desencarnados, quando estáveis no Espaço, escolhestes vossa prova, pois acreditastes ser suficientemente fortes para suportá-la; por que lamentar agora? Vós que pedistes a fortuna e a glória, era para enfrentar a luta da tentação e vencê-la. Vós que pedistes para lutar de corpo e alma contra o mal moral e físico, sabíeis que quanto mais difícil fosse a prova, mais a vitória seria gloriosa e que, se saísseis triunfantes, mesmo que o vosso corpo fosse jogado num monte de lixo, quando da sua morte, deixaria escapar uma alma brilhante, alva, purificda pela expiação e pelo sofrimento.
            Que remédio receitar aos que são atacados por obsessões cruéis e males dolorosos? Um só é infalível: a fé, o apelo ao Céu. Se, no extremo dos vossos mais cruéis sofrimentos, vossa voz canta ao Senhor, o anjo à vossa cabeceira, com sua mão, vos mostrará o sinal da salvação e o lugar que vós deveríeis ocupar um dia. A fé é o remédio certo para o sofrimento; ela sempre mostra os horizontes do infinito diante dos quais se apagam os poucos dias sombrios do presente. Não pergunteis qual remédio é preciso empregar para curar tal úlcera ou tal chaga, tal tentação ou tal prova. Lembrai-vos de que aquele que crê é forte pela certeza da fé e que aquele que duvida um segundo de sua eficiência é punido na hora, pois experimenta no mesmo instante as angústias dolorosas da aflição.
           O Senhor marca com seu selo todos aqueles que creem n’Ele. Cristo vos disse que com a fé removem-se as montanhas. Eu vos digo que aquele que sofre e que tem fé como base será colocado sob sua proteção e não sofrerá mais. Os momentos de maior dor serão par ele as primeiras notas da alegria da eternidade. Sua alma se desprenderá de tal modo do seu corpo que, enquanto estiver morrendo, ela planará nas regiões celestes, cantando com os anjos os hinos de reconhecimento e de glória ao Senhor.
          Felizes os que sofrem e os que choram! Que suas almas se alegrem, pois serão abençoadas por Deus.

Palestra a ser proferida em 21/11/2011 no Centro de Estudos Espíritas Allan Kardec, em Ubatuba, São Francisco do Sul, SC

Nenhum comentário:

Postar um comentário