domingo, 2 de janeiro de 2022

Jair Rodrigues

     Recém chegada de São Leopoldo, RS, para trabalhar no jornal A Notícia, em Joinville, SC, me hospedei um mês no Novo Hotel Joinvillle que ficava na Rua Abdon Batista, ao lado do antigo prédio da Notícia e depois aluguei um apartamento em frente à praça Getúlio Vargas, ao lado do antigo Catarinão. Em pouco tempo, o local virou ponto de encontro para os colegas do jornal, que aos poucos iam chegando, desde o início da noite até os retardatários, que faziam o fechamento da primeira página.

     Para acompanhar a conversa, não podiam faltar uma cerveja gelada e o som de um violão, que um ou outro teimava em tocar, nem sempre com aquela afinação esperada. Se o violão deixava a desejar, imaginem a cantoria que tentava acompanhá-lo. É claro que a vizinhança não via com bons olhos aquelas reuniões, pelo adiantado da hora e porque muitos tinham compromissos no outro dia, com estudos, escola dos filhos ou trabalho. Os mais afoitos  chegavam a chamar a polícia. Muitas vezes, os policiais batiam à porta. Com o tempo, foram ficando conhecidos e até nossos amigos. Sempre bem educados e gentis, pediam para baixarmos o volume, porque os vizinhos precisavam descansar. Levando em consideração a sua gentileza, atendíamos o seu pedido e a paz voltava a reinar.

     Uma noite, a Natália Silveira, de Tubarão, repórter do jornal e  da Rádio Cultura, que dividia o apartamento comigo, foi entrevistar o Jair Rodrigues, que se apresentou no antigo Ginásio de Esportes do Floresta, conhecido como Gigantão do Floresta. Lá pelas tantas, boa parte da galera já estava reunida lá no apartamento, quando a Natália começou a gritar lá de baixo. Nós estávamos no segundo andar. Não entendemos nada. Pensamos: O que deu nessa louca? E continuamos o rumo da prosa.

     Quando ela subiu e abriu a porta, ficamos em choque. Eis que surge na soleira da porta nada mais nada menos que Jair Rodrigues. E de chegada, já surpreendeu a todos, dando um mergulho nos almofadões que estavam no chão, já que eu não tinha sofás ou móveis na sala. A partir de então, cativou a todos, com a sua alegria, simlicidade, humildade e inteligência. Um exemplo de ser humano, de caráter, da sua grandioside e genialidade. Uma noite inesquecível.

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