terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Leocádio José Correia


Biografia

Leocádio José Correia fazia parte de uma das famílias tradicionais do litoral paranaense. O pai Manoel José Correia era comerciante português e a mãe Gertrudes Pereira Correia, nascida em Paranaguá, dona de casa. A família teve oito filhos, sendo que três morreram antes de um ano.
Leocádio nasceu em Paranaguá no dia 16 de fevereiro de 1848, quando o Paraná constituía ainda a 5ª comarca de São Paulo, pouco tempo depois ocorreu a emancipação política, tornando-se a Província do Paraná. Vencido o ensino das primeiras letras e os colégios de instrução secundária, encaminhou-se para a vida eclesiástica no Seminário Episcopal de São Paulo, do qual desistiu às vésperas da primeira unção sacerdotal.
Assumiu, então, outro apostolado que cumpriu, desta vez na Academia de Medicina do Rio de Janeiro. Como dedicado aluno de um dos maiores vultos da medicina nacional, o Doutor João Vicente Torres Homem (1837-1887), Leocádio encarregou-se de coletar minuciosos apontamentos sobre as preleções que ouvia, tarefa que lhe garantiu subsídios para a publicação das lições do renomado catedrático sobre a febre amarela.
No dia 20 de dezembro de 1873, doutorou-se em Medicina após ter sustentado uma tese sobre a Litotrícia (trituração dos cálculos vesicais para a eliminação pela urina), em 30 de agosto do mesmo ano. Ele foi  médico na verdadeira acepção da palavra, tendo clinicado nos municípios de Paranaguá, Guaratuba, Guaraqueçaba, Antonina. Morretes, Curitiba, Ponta Grossa e Castro.
Em 29 de agosto de 1874 casou-se com sua prima-irmã Carmela Cysneiros Correia em sua cidade natal, com quem teve três filhos: Clara, Leocádio e Lucídio.
Sua vida foi marcada por uma participação ativa na vida política e social de Paranaguá, nas áreas de saúde, política, cultura e educação. Atuou como inspetor de saúde dos postos de Paranaguá e Antonina, inspetor da Santa Casa de Misericórdia,inspetor paroquial de escolas de Paranaguá, jornalista, escritor, orador e poeta.
Filiando-se ao Partido Conservador, foi eleito deputado provincial à Assembléia Legislativa onde, como democrata, assumiu a causa abolicionista. Como inspetor da instrução pública destacou-se no propósito de revisão dos planos escolares, que causavam dano aos seus contemporâneos deixando, assim, as sementes da reforma escolar que sua curta existência não viu consolidada.
O teatro também mereceu sua atenção e estudo, tendo se utilizado do palco cênico como instrumento de sua campanha contra a escravidão negra, junto ao núcleo de jovens que o acompanhava. A encenação de "Talento e Ouro", de Leôncio Correia, sob sua direção, alcançou ruidosos sucessos no teatro Santa Calina, de Paranaguá. Entre os seus escritos teóricos destacam-se "Duas páginas sobre o drama da Redenção", publicado postumamente por seu filho Leocádio Cysneiros Correia.
Todas estas atividades desenvolvidas paralelamente ao exercício da Medicina, vocação que exerceu plenamente e pela qual ficou conhecido no Paraná como o “Médico de homens e de almas”.
Leocádio  Correia  é  até  hoje  lembrado  e  reverenciado  pela  memória  de Paranaguá por seu papel no atendimento às famílias carentes, constituindo uma espécie de mito no imaginário da cidade. Sua história é contada de forma poética em dois livros, o primeiro, “A vida do Dr Leocádio”, editado em 1979 pela Prefeitura de Paranaguá, de autoria de Valério Hoerner Junior, seu bisneto,  teve as duas primeiras edições lançadas e esgotadas rapidamente. O segundo, “Brumas do Passado: Dr Leocádio Médico de Homens e de Almas”, lançado como romance biográfico e de ficção de Rubens Correia, do Centro de Letras do Paraná foi editado em 1995. O Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá  mantém  um  arquivo  especial  sobre  Leocádio  Correia, contendo  além  dos  materiais produzidos  por  ele,  jornais,  edições  históricas,  material  biográfico,  sumulas  das homenagens e discursos proferidos no Clube Literário. Por ocasião do centenário de sua morte foi homenageado com cadernos especiais por vários jornais de Curitiba e de Paranaguá, bem como por produções cinematográficas.
Leocádio José Correia desencarnou no dia 18 de maio de 1886, vítima de febre perniciosa. Foi um fato enormemente pranteado, especialmente pelos mais pobres e necessitados, que Leocádio, em sua breve vida, visitava diariamente.
Poucos anos depois da sua desencarnação, Leocádio José Correia começou a manifestar-se espiritualmente. Primeiro no litoral do Estado de Santa Catarina; posteriormente, no Estado do Paraná, num trabalho fraterno de atendimento à pessoa humana e na divulgação da mensagem de Jesus Cristo, à luz da Doutrina dos Espíritos.
Há mais de 50 anos, para seus seguidores, ele vem  desempenhando papel na execução do projeto de trabalho da Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas, em Curitiba, no sentido de reconceituar o Espiritismo no Brasil. No exercício de suas atribuições, o espírito Leocádio José Correia vem trabalhando através do médium Maury Rodrigues da Cruz, realizando uma intensa e extensa atividade assistencial voltada para a saúde física, mental e espiritual de quem o procura.
Dr. Leocádio também atua na atividade literária espírita, na qual, como intérprete esclarecedor das mensagens espirituais, procura fazer das suas próprias mensagens uma modulação na linguagem, para melhor compreensão da conceituação doutrinária, contextualizando e expressando sua visão do Universo, bem como os referenciais trazidos pelo espírito Antonio Grimm. Para os espíritas, Leocádio José Correia é um dos agentes organizadores e implementadores do processo de ensino-aprendizagem proposto pela Doutrina dos Espíritos, para a humanidade e para os grupos de exercício mediúnico.

Exposição feita por Véra Regina Friederichs, no Centro de Estudos Espíritas Allan Kardec, dia 11 de fevereiro de 2013, no Balneário de Ubatuba, São Francisco do Sul, SC.

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